Desde março deste ano, quando foi registrado o primeiro caso de gripe aviária em vacas, duas pessoas contraíram a doença através do contato com animais infectados nos Estados Unidos. Agora, um novo estudo da Universidade Estadual de Iowa pode explicar como essas transmissões estão ocorrendo.
Ao realizar testes em duas vacas leiteiras infectadas com a cepa H5N1, os cientistas encontraram evidências de que a ordenha das vacas pode ser uma das formas de propagação do vírus. Detalhes da descoberta foram publicados na revista científica Doenças Infecciosas Emergentes.
Como a gripe aviária pode passar de uma vaca para um humano?
- Nas duas vacas analisadas no estudo, os cientistas encontraram receptores para diversas cepas de gripe nos tecidos respiratório e mamário.
- Os receptores são proteínas que, neste caso, o vírus utiliza para se conectar e infectar as células.
- Nesse caso, foram encontrados tipos que se originaram para se ligar a células de pássaros, porcos e até humanos.
- Essa diversidade de receptores facilita o processo de mutação e adaptação do vírus a outros organismos.
- A descoberta da sua presença no tecido mamário pode explicar porque é que as vacas infectadas sofrem uma queda na produção e na qualidade do leite, que se torna espesso e descolorido.
- Além disso, indica também que o processo de ordenha ou o consumo de leite cru e não pasteurizado pode ser uma forma de transmissão do vírus.
- De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, foram encontrados altos níveis de H5N1 no leite de animais contaminados.
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O perigo da adaptação ao H5N1
Recentemente, dois trabalhadores leiteiros nos EUA contraíram o vírus H5N1 de vacas leiteiras, mas apresentaram sintomas ligeiros e recuperaram sem transmitir o vírus.
No entanto, os cientistas descobriram que o vírus mostrou sinais de adaptação ao corpo dos mamíferos, levantando preocupações sobre a sua capacidade de infectar humanos e outras espécies. Ainda não se sabe se as mutações ocorreram nas vacas ou nos pacientes, mas os pesquisadores pretendem investigar.
Embora o H5N1 se adapte preferencialmente ao organismo das aves, existe o risco de mudança de hospedeiro. A expressão e distribuição de ácidos siálicos – receptores utilizados pelo vírus para infectar células – encontrados no trato respiratório e nas glândulas mamárias de vacas leiteiras alertam.
Além disso, as glândulas mamárias das vacas são ligeiramente ácidas, o que, juntamente com a presença de receptores de ácido siálico, pode tornar os animais mais susceptíveis à infecção pelo vírus H5N1, acreditam os cientistas, mas são necessárias mais investigações.
Por enquanto, a descoberta indica apenas um possível modo de infecção. No entanto, destaca a importância de consumir leite devidamente processado para reduzir o risco de infecção
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