Material roubado é 200 vezes mais radioativo que o Césio (mas não é mais perigoso)

julho 8, 2024
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Material roubado é 200 vezes mais radioativo que o Césio (mas não é mais perigoso)


Quem viu a notícia sobre o roubo de material radioativo em São Paulo na última sexta-feira (5) deve ter se lembrado do famoso episódio do césio-137 em Goiânia, no final da década de 1980, considerado o maior acidente nuclear da história do Brasil. O elemento roubado desta vez foi o germânio e pode emitir 200 vezes mais radiação ionizante que o césio. Mas não se preocupe, isso não significa que ele seja mais perigoso.

Roberto “Pena” Spinelli, físico pela USP, com especialização em Machine Learning por Stanford e pesquisador na área de Inteligência Artificial, além de colunista do Olhar Digital Notíciasfiz uma análise em X (Twitter antigo) sobre a radioatividade do germânio.

Segundo o especialista, embora o elemento emita 200 vezes mais radiação que o Césio, existem outros fatores que determinam o quão perigoso é um material nuclear para o ser humano.

Comparando com o caso de Goiânia, Pena cita que a forma como o elemento se encontra desta vez dificulta sua propagação no ambiente. “O césio estava na forma de um sal (pó) altamente solúvel em água e que podia se dispersar no meio ambiente. O germânio está na forma sólida e, portanto, não pode se espalhar pelo meio ambiente nem contaminar os poços de água.”

Outro ponto determinante é a vida útil do material. Enquanto o césio pode causar danos e manter o local contaminado por 30 anos, o germânio dura apenas 272 dias. Além disso, o césio na forma de sal pode ser ingerido, contaminando diretamente as células. O elemento roubado, na forma sólida, não pode ser ingerido tão facilmente.

O fator mais determinante ainda pode ser a quantidade. Segundo Pena, parece que há uma diferença muito grande. “No acidente de Goiânia foram expostos 19g de césio 137. O balde de germânio que desapareceu, pelas notícias que encontrei, continha apenas 1 gerador de gálio, que normalmente contém cerca de miligramas de germânio. Se for mesmo assim, é algo como 10 mil vezes menos”, disse o professor.

Embora o germânio seja 200 vezes mais radioativo que o césio, o fato de ser sólido e a amostra ser 10.000 vezes menor, além de sua vida curta, significa que o potencial de desastre do balde de germânio roubado é muito menor do que o do no acidente de Goiânia

Roberto “Pena” Spinelli

Isso não significa, porém, que o germânio roubado em São Paulo seja inofensivo. “Quem manipular essa amostra diretamente, sem qualquer tipo de proteção, poderá sofrer sérios danos a curto e longo prazo e até morrer”, finaliza o especialista.

Consulte Mais informação:

Roubo de material radioativo em São Paulo

O alerta já havia sido dado por Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)que informou em nota que o risco de exposição ao material é “muito baixo para a população e para o meio ambiente”, mas que o contato humano com o elemento deve ser evitado.

Cinco latas contendo um invólucro contendo material radioativo foram roubadas. Até o momento, dois foram recuperados, mas estavam abertos e não há detalhes se a embalagem ainda estava dentro dos baldes.

Parte do material radioativo foi encontrada em São Paulo (Imagem: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

“Alertamos à população que, caso encontre material radioativo, mantenha distância segura e entre em contato imediatamente com a CNEN pelos telefones (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763 e também com a polícia”, disse a CNEN.

Caso de Césio-137 em Goiás

Em setembro de 1987 ocorreu um acidente com Césium-137 (137Cs) em Goiânia, capital de Goiás. O manuseio inadequado de um aparelho de radioterapia abandonado, onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, causou um desastre que afetou centenas de pessoas, direta e indiretamente.

Quando o equipamento foi adulterado, vários fragmentos de 137C se espalharam pelo ambiente, na forma de pó azul brilhante, causando contaminação de diversos locais, especificamente aqueles onde o material foi manuseado e para onde foram levadas as diversas partes do aparelho de radioterapia.

Imagem do Arquivo da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás

Por conter chumbo, material de relativo valor financeiro, a fonte foi vendida para um ferro-velho, cujo proprietário a repassou para outros dois armazéns, além de distribuir os fragmentos do material radioativo para parentes e amigos que, por sua vez, os distribuiu. levou-os para suas casas. No total, quatro pessoas morreram no desastre.





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