Google homenageia físico brasileiro César Lattes com doodle

julho 11, 2024
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Google homenageia físico brasileiro César Lattes com doodle


Nesta quinta-feira (11), o Google divulgou um doodle animado que comemora os 100 anos de nascimento do físico e professor brasileiro César Lattes. Lattes descobriu a partícula subatômica pi méson, também conhecido como píon, e suas descobertas ajudaram na compreensão das forças nucleares.

De acordo com página de rabiscos do Google, a homenagem ao físico brasileiro está aparecendo na página do gigante das buscas no Brasil, Reino Unido, Irlanda e México.

Google Doodles: César Lattes e sua importância para a ciência

  • Nascido em 11 de julho de 1924 em Curitiba (PR), César Lattes formou-se em 1943 pela Universidade de São Paulo (USP) como único físico de sua turma;
  • Quando tinha pouco mais de 20 anos, começou a estudar os raios cósmicos, também conhecidos como partículas de alta energia do espaço;
  • Ele percebeu que adicionando boro às chapas fotográficas obteria uma imagem mais clara das partículas em decomposição, permitindo-lhe ver cada próton;
  • Num teste realizado por um pesquisador no topo de uma montanha, com o objetivo de alcançar mais raios cósmicos, a placa modificada por Lattes mostrou vestígios de uma partícula até então não observada: foram então descobertos píons.
César Lattes em 1954 (Imagem: Arquivo Nacional, Domínio público)

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Pions e a polêmica do Nobel

Os píons, ou mésons pi, são ainda menores que os átomos e se formam quando a matéria do Espaço colide com a nossa atmosfera. Além de descobri-los, Lattes também entendeu que existem píons mais pesados ​​que outros.

O feito rendeu ao físico e sua equipe de pesquisa o Prêmio Nobel de Física em 1950. Porém, oficialmente, foi concedido a Cecil Powell, que era considerado o líder do estudo e, até 1960, o Comitê do Nobel premiava apenas os líderes das pesquisas. . O artigo foi publicado em Natureza.

Em entrevista concedida a Jornal da Unicamp em 2001, Lattes falou sobre o episódio:

Você sabe por que não ganhei o Prêmio Nobel? Em Chacaltaya quando descobrimos o méson pi foi publicado: Lattes [Giuseppe] Occhialini e [Cecil] Powell. E Powell, malandro, ficou com o Prêmio Nobel para si. Occhialini e eu entramos pelo cano. Ele era mais conhecido, havia trabalhado na produção de pósitrons em 1933. Depois, fui para a Universidade da Califórnia, onde o sincrociclotron foi inaugurado em 1946. Já era 1948 e ele vinha produzindo mésons desde que entrou em operação em 1946, tinha maior energia. isso é o suficiente. Então, detectamos, [Eugene] Garden e eu, o méson artificial, alimentando a presunção de retirar do empirismo todas as pesquisas relacionadas à liberação de energia nuclear. Você sabe por que não nos deram o Nobel? Garden teve beriliose, tendo trabalhado na bomba atômica durante a guerra, e o berílio tira a elasticidade dos pulmões. Ele morreu pouco depois e o Prêmio Nobel não é dado a uma pessoa morta. Eles me sintonizaram duas vezes.

César Lattes, em entrevista ao Jornal da Unicamp em 2001

Lattes voltou ao assunto em sua última entrevista, concedida à revista Muito interessante em 2005:

Embora o júri tenha sido composto por ingleses, acredito que não foi a minha nacionalidade que influenciou a decisão do vencedor. Tanto na descoberta do méson pi, em 1946, quanto na sua criação artificial, em 1948, contei com a colaboração de Giuseppe Occhialini. Ele era quem deveria ter vencido. E, em 1950, quem ganhou o prêmio foi Cecil Powell, que também participou da obra. Mas deixe isso de lado. Esses grandes prêmios não ajudam a ciência.

César Lattes, em entrevista à revista Muito interessanteem 2005

Posteriormente, tornou-se professor de física na USP e, posteriormente, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele fez campanha por mais financiamento governamental para a ciência nacional, levando à criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e onde Lattes foi diretor científico.

Lá, orientou alunos com teses de pós-graduação em emulsão nuclear (detecção de partículas) e geocronologia (datação de rochas) no Brasil, nos Estados Unidos e na Itália.

Apesar de não ter conquistado oficialmente o Prêmio Nobel pela descoberta do píon, Lattes conquistou diversos prêmios, como o Prêmio Einstein da Academia Brasileira de Ciências e uma Ordem do Mérito do Brasil e da Itália. Ele também foi indicado ao Prêmio Nobel em sete ocasiões, entre 1949 e 1954.

Doodle interativo homenageia César Lattes, que deu grandes contribuições à física (Imagem: Reprodução/Google)

O físico brasileiro também é um dos principais responsáveis ​​pela criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), fundado em 1951, que visa incentivar a pesquisa no Brasil.

O CNPq ainda homenageou Lattes ao batizar sua plataforma virtual de currículos com o nome dele. A Plataforma Lattes reúne bases de dados curriculares, grupos de pesquisa e instituições das áreas de ciência e tecnologia atuantes no Brasil.

Falecido em 8 de março de 2005, aos 80 anos, César Lattes abriu caminho para a física experimental na América Latina e no mundo com suas contribuições e descobertas.





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