O Alzheimer pode ser transmitido entre gerações de uma família, ou seja, é caracterizado como hereditário em alguns casos. Uma nova investigação sobre esse papel genético revelou que pessoas com histórico materno apresentam maior risco de desenvolver também a doença, em comparação com aquelas que possuem apenas histórico paterno.
Uma análise de dados de 4.413 pessoas com idades entre os 65 e os 85 anos, sem sintomas de Alzheimer, mas com algum histórico familiar, levou a esta conclusão. Os detalhes estão descritos no artigo publicado por Neurologia JAMA.
- A pesquisa baseou-se principalmente nos níveis de biomarcadores da doença de Alzheimer, neste caso, a presença de placas amilóides.
- Eles são formados no cérebro a partir do acúmulo de proteínas chamadas beta-amilóides. Os médicos acreditam que esses conglomerados afetam a saúde dos neurônios, levando ao declínio cognitivo.
- Algumas pessoas podem apresentar níveis elevados dessas placas antes mesmo do aparecimento dos sintomas, possibilitando a detecção precoce da doença.
- No caso de pessoas com história materna de Alzheimer, os níveis de beta-amilóide foram mais elevados e, em média, mais elevados quando comparados com aqueles com história paterna.
- Isto indica que a herança genética do lado materno parece influenciar o risco de as crianças desenvolverem a doença.
- Aqueles com histórico paterno de início tardio – quando os sintomas aparecem mais tarde do que o esperado – ou que não tinham histórico familiar, apresentavam níveis normais de beta-amilóide.
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Por que o Alzheimer da mãe aumenta o risco da doença na família?
Ainda não há uma explicação clara de como a genética da mãe aumenta as chances de desenvolver Alzheimer. No entanto, há uma suspeita. Apenas os genes maternos transmitem mitocôndrias – estruturas responsáveis pela geração de energia dentro das células. Eles têm DNA único e às vezes podem sofrer mutações que causam disfunção mitocondrial.
O cérebro é a parte que mais consome energia – cerca de 20% do que é produzido pelo corpo. Não é de surpreender que um problema nas mitocôndrias possa afetar o funcionamento do órgão. Na verdade, a disfunção mitocondrial já foi associada ao Alzheimer em outras pesquisas.
Próximas etapas do estudo
A nova descoberta de que o risco de Alzheimer pode depender do progenitor de quem a doença foi herdada pode ser útil no diagnóstico precoce. Considerar a história parental específica do género ajuda a identificar aqueles com grandes probabilidades de ter a doença no futuro.
Agora, os cientistas podem querer investigar o impacto do DNA materno, especialmente do cromossomo X, e da disfunção mitocondrial na doença. É o que diz Rahul Sidhu, doutorando em Neurociências na Universidade de Sheffield, em artigo publicado na A conversa.
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